Como segundo texto deste blog, vejo como importante discutir um pouco sobre as atitudes dos amantes de pés - que nem sempre são as melhores.
Minha motivação para escrever este texto veio a partir de um outro blog podólatra que encontrei recentemente. Primeiro fiquei contente porque achei outra pessoa que escrevia com o mesmo intuito que eu. Li suas postagens e elas funcionavam como um diário sobre suas vontades e experiências. Fotos eram comuns e, a princípio, pareciam serem retratos de sua esposa ou então de mulheres com quem ele se relacionava. Até que cheguei numa foto de uma mulher numa fila. Era simples: a mulher vestia mini saia, sandália aberta com os dedos com esmalte e a foto estava meio borrada e pagava somente a parte inferior do corpo dela. Claramente a foto havia sido tirada escondida, o que era confirmado pela descrição que a acompanhava. Nela ele comentava que tinha encontrado a mulher numa fila e tinha dado um jeito de registrá-la, para então compartilhar com infinitos anônimos na internet.
Lembra quando comentei sobre algumas práticas que queimam a comunidade podólatra ? Essa claramente é uma delas. Por que raios as pessoas - e não apenas a pessoa desse blog em específico - se acham no direito de tirar fotos de mulheres que encontram na rua ou em espaços públicos ? Onde está o senso de que para viver um prazer de uma maneira natural, o prazer tem que sempre respeitar a outra parte? Essa foto é só um sintoma de uma postura de achar que a outra parte está para lhe servir, para satisfazer seus prazeres, mesmo que ela não saiba que está fazendo isso.
Assim, já procuro deixar bem claro um limite que sempre me incomodou: o dos que se acham no direito de usufruir de outras pessoas sem elas saberem. Uma coisa é tocar uma bronha sozinha, ou visitando as redes sociais da pessoa atrás das fotos que ela postou ou mesmo lembrando de uma memória que te marcou muito. Outra completamente diferente é tirar uma foto sem a pessoa saber só por querer guardar o registro e se satisfazer depois.
Vale a lógica do não é não.
Veja, não quero fazer moralismo barato aqui não. Mas não me sinto confortável ao ver esses comportamentos e prefiro deixar bem claro desde o início quais são os limites para mim.
Lembro de um canal que tinha no YouTube de um cara que andava pelas ruas filmando ele pisando na parte de trás dos sapatos das mulheres. O intuito era fingir que havia sido acidental e torcer para que o sapato saísse. Isso deve ter sido entre 2010-2015 pois faz bastante tempo. Lembro de chegar nesse canal por conta da minha rede de contatos podólatras e de desde o início achar profundamente repugnante. Não conseguia sentir um mínimo de prazer ao saber as condições em que o material era produzido. Nunca mais o vi e imagino que tenha sido banido.
Assim, penso que se o século XXI, na sua terceira década, nos permite maior honestidade e abertura com nossas fantasias, também exige uma postura mais crítica e atenta. Pense sempre bem: isso que eu estou consumindo foi produzido sobre quais condições ? Será que não estou indo longe demais para conseguir esse prazer ?
Usem com moderação
Beijos
L.D.
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